"Desde o primeiro dia de nosso encontro, quando me ofereceu sua inesquecível Dança Brasileira, eu e Villa-Lobos estávamos de acordo em considerá-lo o melhor compositor brasileiro".
Artur Rubinstein

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sinfonias nº 2 e 3 e a Abertura concertante



Em 1942, o compositor aceita a encomenda de uma composição e dedica a Abertura Concertante ao amigo norte-americano Aaron Copland Em Nova York é apresentado a Sergei Koussevitzky que o convida para reger a Abertura à frente da Sinfônica de Boston. A estréia brasileira da Abertura concertante se dá no mesmo ano da composição, em 1942, com boa receptividade da crítica especializada. Dentre as manifestações destaca-se a do musicólogo Mário de Andrade, afirmando que pela primeira vez um autor encontrava a solução para o “allegro” brasileiro. De fato, os temas da Abertura – assemelhados entre si - são inventados por Guarnieri e trabalhados com os recursos da orquestra clássica onde os tímpanos são usados no reforço da estruturação, no desenvolvimento das idéias temáticas, conferindo dinâmica interna à obra ternária.
A Sinfonia nº 2, também conhecida como “Uirapuru”, nasce em 1945, em trajetória de sucesso, pois, no ano seguinte, antes de sua estréia, obtém o segundo lugar (Prêmio Reichold) no Concurso Sinfonia das Américas, promovido pela Orquestra de Detroit (EUA). Dedicada a Heitor Villa-Lobos, foi apelidada de “Uirapuru”, nome do pássaro amazônico que ele tanto gostava. A versão da Sinfonia nº 2 escolhida para a gravação deste Compact Disc é a versão integral. Quando Guarnieri escreve a Sinfonia nº 3, em 1952, há certa expectativa por parte do meio musical. Alguns meses antes ele redigira e fizera publicar uma Carta aberta aos músicos e críticos do Brasil, quase um manifesto político contra as ingerências estéticas externas, vale dizer, contra o emprego dos princípios do dodecafonismo.
Alunos de composição, leitores, ouvintes e jornalistas manifestaram-se, a favor ou contra, gerando a polêmica musical mais criativa que o Brasil jamais teve. Assim, a sinfonia deveria apontar para os rumos de uma escola de composição brasileira e contemporânea. Escrita em três movimentos, trabalha os contrastes entre o soturno e o “violento” revigorando a expressão da orquestra. A Sinfonia nº 3 obteve o primeiro lugar no Concurso IV Centenário da Cidade de S. Paulo, em 1954.

Ian Matheus Romagnolo

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ópera Pedro Malazarte de Camargo Guarnieri

Pedro Malazarte é uma ópera cômica brasileira um ato de Camargo Guarnieri com libreto de Mário de Andrade. Estreou no Teatro Municipar do Rio de Janeiro em 27 maio de 1952. A primeira recita teve a participação de Paulo Forte, Olga Schroeter, Assis Pacheco e regência de Nino Gaione.
Os personagens eram: Pedro Malazarte (um esperto aventureiro) barítono, Baiana (mulher do Alamão) é a soprano e o Alamão (colono de Santa Catarina) é o tenor.
Abrem-se as cortinas e vê-se uma casa colonial em Santa Catarina, com um pinheiro no centro da sala que sustenta o teto. Há uma mesa com muita comida. Lá fora vê-se uma fogueira de São João com pessoas dançando em torno dela. A Baiana está sozinha quando aparece Malazarte que trouxe metade de uma porta e um gato preso a um barbante. A Baiana o recebe muito bem e diz ao malandro que o marido vai ficar fora por uma semana, a negócios, tornando o dia de Malazarte mais feliz. Mas eis que surge o Alamão, e a Baiana esconde a comida. Surpreso com a presença de Malazarte, o Alamão gentimente o convida para jantar, mas há só feijão com língua. Durante a refeição Malazarte finge que o gato é mágico e lhe disse onde tem mais comida guardada pela Baiana. O Alamão fica bêbado e dorme um pouco. Quando Malazarte se prepara para sair, o Alamão acorda e pede para a mulher dançar para o convidado. O Alamão quer comprar o gato e oferece vinte contos de réis, justamente a quantia que o Alamão recebeu no negócio naquele dia. Baiana tenta impedir que o marido seja enganado, mas mesmo assim o Alamão insiste em comprar o gato. Malazarte então recebe os vinte contos mas devolve dez e ainda dá a meia porta para o Alamão. A Baiana queria fugir com Malazrte, mas este lhe diz que deve ficar com o marido, e se despede dos dois.
Pedro Malazarte foi gravado pela Orquestra e Coro da Rádio Difusão e Televisão Italiana Umberto Baldi, diretor.
A ópera Pedro Malazarte de Camargo Guarnieri foi apontada por Eurico Nogueira França como única exceção de ópera genuinamente brasileira desde que surgiu a idéia da criação da ópera nacional por José Amat em meados do século XIX.


Referências

FERNANDES, José fortunato. Brasilidade na Ópera: um paralelo entre Malazarte de Lorenzo Fernândes e Pedro Malazarte de Camargo Guarnieri. Disponível em: http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2005/sessao19/jose_f_fernandes.pdf. Acessado em 11/05/2012.

WIKIPÉDIA. Enciclopédia livre. Pedro Malazarte. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Malazarte. Acessado em 11/05/2012.
                                                                                               
                                                                                        Izabel e Sônia Rocha Almeida