"Desde o primeiro dia de nosso encontro, quando me ofereceu sua inesquecível Dança Brasileira, eu e Villa-Lobos estávamos de acordo em considerá-lo o melhor compositor brasileiro".
Artur Rubinstein

terça-feira, 13 de março de 2012

BIOGRAFIA DE CAMARGO GUARNIERI

Mozart Camargo Guarnieri era filho de um imigrante italiano e sua mãe vinha de uma tradicional família paulista. O pai, Miguel Guarnieri, era barbeiro e músico, e tocava flauta. A mãe, Gécia Camargo, tocava piano. O pequeno Mozart aprendeu música em casa.
Em 1923, Miguel Guarnieri decidiu mudar-se com a família para São Paulo a fim de proporcionar melhores condições de estudo da música ao filho. Sendo uma família de poucos recursos financeiros, Guarnieri trabalhou junto com o pai na barbearia e trabalhou como pianista. Até 1925 manteve vários empregos, tocando em cinemas, lojas de partitura e casas de baile da cidade. Estudou piano com Ernani Braga.
Em 1928 foi apresentado a Mário de Andrade, a quem mostrou suas obras recém compostas Canção Sertaneja e Dança Brasileira. O escritor modernista tornou-se seu mestre intelectual. Guarnieri passou a frequentar a casa de Mário de Andrade, com quem discutia estética, ouvia obras musicais e tomava livros emprestados. Tendo cursado até então apenas dois anos do curso primário, o contato com o escritor foi muito importante para a formação intelectual de Guarnieri. O contato entre ambos tornou-se uma grande amizade e também uma parceria artística. Muitas canções escritas por Camargo Guarnieri foram sobre textos de Mário de Andrade, incluindo a ópera Pedro Malazarte.
Exerceu atividades como: crítico musical na imprensa.
Mário de Andrade foi um dos principais responsáveis pela aceitação e pela divulgação da obra de Camargo Guarnieri.
Em 1950, Camargo Guarnieri envolveu-se em uma ampla polêmica na imprensa, após publicar a Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil, na qual condena a técnica dodecafônica de composição. A carta faz referências veladas a Hans-Joachim Koellreutter, líder do grupo Música Viva. Por causa da postura assumida na carta, e do linguajar utilizado, Camargo Guarnieri acabou sendo visto como um reacionário, posição que certamente não reflete o seu papel na música brasileira.
Após a publicação da polêmica Carta Aberta, Guarnieri se torna uma referência cultural importante. O documento marca a passagem de Guarnieri da fase de Compositor jovem, que se afirma junto com o modernismo, para nome de referência na cultura musical brasileira, ao lado de Villa-Lobos e Francisco Mignone.
Em 1975 assumiu a direção da recém-criada Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo, OSUSP, cargo que exerceu até o fim da vida.

                                                                                                             Izabel e Sônia Rocha Almeida
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUSCACIO, Cesar. Americanismo e Nacionalismo Musicais na Correspondência de Curt Lange e Camargo Guarnieri 1934-1956. Ouro Preto: Editora UFOP, 2011.
CONTIER, Arnaldo. Música e ideologia no Brasil. São Paulo: Novas Metas, 1985.
RODRIGUES, Lutero. As características da linguagem musical de Camargo Guarnieri em suas sinfonias. Dissertação de mestrado, IA-UNESP, 2001.
TONI, Flávia. "Mon cher elève: Charles Hoechlin, professor de Camargo Guarnieri." in Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n° 45, setembro de 2007, p. 107-122.

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